Há um sentimento claro que a Odontologia digital chegou e será sedimentada nestes próximos anos. Também é possível afirmar que a grande maioria dos alunos dos cursos de graduação sairão dos bancos das
universidades já desatualizados. O ensino não se preparou para o mundo digital e a velocidade de modernização em tecnologia na iniciativa privada não foi acompanhadapelas instituições de ensino. Se isto é uma
verdade para recém-formados, então o que imaginar de profissionais formados há mais de 10 anos, sem um curso na área realizado após a sua graduação.Teremos um tempo de adaptação pelos custos que envolvem a aquisição desta tecnologia, mas os preços cairão abruptamente e ainda dá tempo das entidades de classe,instituições de ensino e os Conselhos Profissionais abrirem os olhos para o que já ocorre no mundo. O futuro da Odontologia Digital é agora e o que precisamos entender é que a revolução digital está ocorrendo em todas as áreas e não tem como se vangloriar em realizar uma Odontologia "raiz" dos tempos de alginatos e folhas de acetato.
Cabe aos Conselhos uma informatização total da autarquia, a regulamentação da Odontologia Digital,entendimento de novas modalidades de publicidade e os esclarecimentos sobre a responsabilidade ética e civil do diagnóstico à distância. Há três anos iniciamos o projeto “CRO Digital”, com a informatização dos setores, lançamento de aplicativos, redução de delegacias físicas,criação de Delegacias Online, prestação de contas com transmissão ao vivo,site atualizado de forma transparente e fácil fiscalização do gasto público.Também, estamos com o projeto “zero papel”com digitalização de todos os prontuários e definições de sistema para processos eletrônicos. Em breve as carteiras profissionais serão digitais e quase tudo no seu Conselho de Classe será virtual, rápido e eficiente. Fomos pioneiros no início da regulamentação do escaneamento digital, quando uma decisão norteou os profissionais para que estivessem atentos de quem pode ter acesso ao paciente no consultório durante o escaneamento intraoral. Os leigos não podem ter acesso ao ambiente de consultório para atender pacientes uma vez que o preparo do Cirurgião-Dentista está na saúde como um todo, planejamentos clínicos, normas de biossegurança e avaliação psicoemocional dos pacientes.
Os modelos de publicidade dentro da responsabilidade ética e de convívio harmonioso entre os profissionais estão diversificados nas redes sociais e a fiscalização de nosso conselho tem se dedicado à redução ou eliminação do aliciamento ilegal de pacientes. Mas somos favoráveis a novas regulamentações com o entendimento que a iniciativa privada da Odontologia não pode ser excluída da revolução digital do “streaming” e da geração de conteúdo. O novo desafio do Cirurgião-Dentista será ajustar-se à revolução do mundo digital com uma Odontologia ética, responsável e de acesso a toda população. Estamos preparados para isso?
Por fim, a responsabilidade civil e ética de terceiros, envolvidos no processo do diagnóstico, será tema ações judiciais e administrativas. É de nossa opinião que o Cirurgião-Dentista deve estar preparado para responder legalmente pelo diagnóstico e tratamento realizado. No entanto, empresas que têm coparticipação, mesmo que a distância, devem ser responsabilizadas nas ações civis com indenizações pelo erro profissional.São pontos controversos e de futuras discussões na revolução da Odontologia Digital.
Dr. Aguinaldo Farias - Presidente do CRO-PR
CRO News - ed. 102
Informativo do Conselho Regional de Odontologia do PR